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sábado, 14 de julho de 2012

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém


O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações

Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete.

Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até?

A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. 

Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo governo sul-vietnamita. 

A foto ganhou o Prêmio Pulitzer e o governo já desgastado do católico Ngo Dinh Diem caiu em novembro daquele ano. Ele foi deposto e executado. 

Prothero destacou que os ocidentais ficam indignados com os homens-bombas islâmicos, mas não com as autoimolações, embora a motivação nos dois casos seja a mesma — a morte em nome da religião. Ele deu razão aos novos ateus que protestam contra toda matança em nome de Deus ou de Buda. 

Por que, com exceção dos ateus, ninguém protesta contra as manifestações suicidas de tibetanos?, indaga Prothero. 

Em 1963, esta foto comoveu o mundo, mas
 agora só os homens-bomba causam indignação
Ele reconheceu que desde o século 4, pelo menos, a autoimolação se incorporou ao budismo, fazendo hoje parte da tradição. Mas tradições existem para serem quebradas, ainda mais quando se trata da preservação da vida de pessoas. 

“Há também no budismo uma forte ética de compaixão”, escreveu Prothero. “E onde está essa compaixão?” 

Em uma entrevista publicada no dia 9 deste mês, o líder espiritual dos tibetanos foi questionado sobre as autoimolações. Ele explicou que se mantém neutro porque se trata de uma questão delicada: dependendo do que afirmar, poderá ser criticado pelo governo chinês ou magoar os parentes das pessoas que se suicidaram.

“Eles [os imolados] sacrificaram a sua própria vida, e eu não quero criar algum tipo de impressão [para os parentes deles] de que isso é errado”, disse. “Por isso a melhor coisa é me manter neutro.” 

Ou seja, Dalai Lama evita correr risco, se mantém confortavelmente em cima do muro e não demonstra que se incomoda com o cheiro da carne humana queimada. 

Prothero ficou estarrecido com o líder espiritual por ele não querer dar a “impressão” de que o suicídio é errado, mesmo quando se trata de uma “causa nobre”. 

Ele escreveu que Dalai Lama está com as mãos manchadas de sangue porque a sua suposta neutralidade  funciona como um incentivo às imolações, quando ele deveria usar a sua influência moral e espiritual para dar um basta a esses rituais de sacrifício humano.

Com informação do site da CNN

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